Como trabalhar bem em uma oficina?

Introdução

Ahoy, Maraujos!

Muitas vezes em grupos de extensão, há muitos membros que não possuem contato prévio com os trabalhos dentro de uma oficina, gaiola, ou qualquer nome que você dá pra esses cubículos que amontoam histórias pelas paredes, prateleiras e armários. De fato, não dá pra levar o momento de oficina no freestyle, porque pode comprometer seu desenvolvimento e do da equipe. Se você tá procurando conhecer mais sobre como se comportar e como lidar com uma dinâmica rotineira de oficina, compreender como manusear instrumentos, ensinar membros novos, ou ainda quer organizar melhor a sua, você tá no post certo, marujo. Segue o fio.

Conhecendo Riscos

De início vamos pensar que lida-se, na oficina, com diversos materiais e ferramentas, e a utilização indevida dos anteriores pode acarretar em danos de diversas origens, chamados de Riscos Ocupacionais - ou seja - eventos adversos e são categorizados por:

Os demais merecem cuidado extremo dentro das oficinas:

  • Físico: Refere-se a eventos ocorrendo no ambiente que podem ser prejudiciais às pessoas trabalhando - como ruídos, vibrações, calor, entre outros - no entanto, quando ocorrências como essa forem necessárias, a equipe deve tomar cuidados

  • Químico: O cuidado aqui é voltado ao manuseio de químicos em campo de oficina, que é comum para diversas rotinas, bem como com vapores e gases eventuais

  • Ergonômico: Aqui relaciona-se com o os cuidados humanos ao fazer uma atividade, parece frase de auto ajuda, mas veremos que é algo voltado a “reconhecer os seus limites” evitando todos os tipos de fadiga e stress.

  • Mecânicos: Esse é o mais preocupante e maior causador de acidentes em oficinas, refere-se ao cuidado com máquinas, equipamentos e ferramentas de trabalho, seja quanto ao mau uso desses anteriores, ou por problemas deles mesmos, ou ainda do ambiente (como falta de iluminação).

Preciso confessar, considerando uma oficina mecânica ou de engenharia, apenas os eventos adversos Biológicos são os menos preocupantes, que no caso são contornados com medidas sanitárias e de higiene que conhecemos e praticamos no cotidiano, que consigam proteger a equipe de micróbios (distanciamento em casos de doenças infectocontagiosas, e assim segue).

Ferramentas

Podemos ir mais a fundo no assunto, agora que você sabe um pouco dos riscos aos quais estamos submetidos em ambiente de trabalho, mas não se preocupe, a ideia é que se tomados os devidos cuidados a frequência de ocorrência de eventos danosos à equipe tende a 0, pra você que tá fazendo Cálculo 1. Vamos falar então o que você precisa saber sobre as ferramentas na oficina. Antes de tudo, é essencial que a equipe organize bem em seu depósito como dispor bem as ferramentas e depois de usada, a ferramenta deve ser devolvida no local respectivo


fonte: 10 ferramentas que não podem faltar em uma marcenaria

Pensando que seu conhecimento é muito pequeno, o ideal é tirar uma horinha das 24 do seu dia pra tentar conhecer a maioria das ferramentas, máquinas e equipamentos que a oficina dispõe, e sobretudo onde dispõe. Isso vai ser fundamental pra você criar agilidade em saber onde se encontram as ferramentas, quando alguém te pedir, e pelo nome delas - esse era um problema grande quando entrei no Poli Náutico, saber o que era um sargento não era tão intuitivo. Então você pode começar a entender o mecanismo e a função de cada uma das ferramentas para que você saiba aplicá-la em determinada tarefa, e saber que você está usando a ferramenta correta - isso é muito útil principalmente quando vc está utilizando uma mesma ferramenta de calibres diferentes, e isso depende da qualidade do trabalho que você quer (já usei limas muito grandes sendo que meu acabamento era um furo de 15mm).

Demonstrar essa proatividade é ótimo, mas se você ainda não estiver confiante pede ajuda pra um superior, um veterano, um técnico, qualquer um que se disponha, e lembre que se tem algum equipamento que exija algo que você não sabe, só pedir pra alguém que sabe, humildade acima de tudo. Agora, algumas atividades específicas.

Atividades e EPI’s

Sabendo manusear cada ferramenta, vamos entender como exercer cada uma das atividades mecânicas que podem ser realizadas. Antes vou comentar sobre os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) - intuitivamente, protegem alguém durante uma ação, novamente, evitando eventos adversos. Os EPC’s (proteção coletiva) são fundamentais também, como cercas.

  • Cortes: Procure ficar fora da linha de ação do corte, de modo que se a lâmina escapar, não haja risco de você se ferir, faça movimentos com bastante constância, sem mudar muito a lâmina de lugar, pra evitar imprecisões. Dependendo do equipamento é altamente recomendado o uso de luvas anti-corte e óculos de proteção, que protejam toda a região dos óculos, e se o material cortado soltar muitas lascas ou poeira, é viável o uso de máscaras.

  • Rosqueamento: Isso vale para a grande maioria das coisas que são rosqueadas, tipo um parafuso, porca, ou rosca - horário aperta e anti-horário afrouxa (direita e esquerda pensando como um volante de carro). Às vezes é mais jeito que força.

  • Acabamento: Geralmente será lixar ou limar uma peça, nesse caso procure aplicar a pressão na região a ser acabada, com movimentos regulares, e eventualmente procure fazer movimentos rápidos em determinado sentido caso queira conferir formato para o acabamento, como arredondamento da peça

  • Solda, Usinagem e Sopradores de Calor: Primeiro de tudo - saiba o que você está fazendo, porque essas atividades são coisas que a mãe falaria “se isso pega no olho…”. Use sempre óculos de proteção e luvas, e faça movimentos cuidadosos, principalmente com máquinas robustas como um torno mecânico. Não seja curioso, essas coisas são muito perigosas, apenas use para os devidos fins, e somente para isso.

Químicos

Os danos químicos são severos, então muito cuidado com eles, porém evite desperdiçá-los também. Nesse caso, EPI nunca é demais, pode colocar avental, luva, máscara com filtro, óculos de proteção, porque qualquer contato com órgãos pode ser vital. Certifique-se de que você está utilizando a substância correta para a atividade, e não faça como eu no 7º ano que derreti isopor usando cianoacrilato (pesquisa o que é, porque eu não ia fazer essa propaganda de graça). Tome o devido cuidado com as proporções para que cumpra-se a intenção correta com os químicos, cheque várias vezes, com colegas, pois desperdiçar nunca é viável. Atente-se também à rapidez com que um processo tem que ser feito, principalmente quando está sendo aplicado uma substância sendo catalisada, que pode perder suas propriedades rapidamente, otimize a equipe para isso. Antes de fazer aplicações, saibam intervir e auxiliar caso alguém sofra algum acidente com químicos, para atenuar danos.

RH

Finalizando, Recursos Humanos, o tópico mais voltado para a equipe em si quando estiverem em tarefa em oficina. Acho que esses momentos são uma troca forte de conhecimentos, e às vezes é só a gente descontraindo e dando risada, talvez seja um dos momentos favoritos do autor no Poli Náutico, mas temos prazos, e seriedade é necessária. Desentendimentos naturalmente ocorrem e devemos resolvê-los de maneira “focada e calma”. Evite fazer atividades que não cabem para esse momento de oficina e demonstre-se proativo em querer resolver os problemas e fazer atividades, mas também não precisa abraçar o mundo, pergunta onde você pode ajudar pra quem tá comandando o projeto, e segue firme. E o mais importante, recomentando, humildade: esteja pronto para ser transatlântico e fragata - mestre e aprendiz - não tenha vergonha em perguntar e se prontifique a ensinar.

Desse modo as atividades do oficina vão ser muito eficientes, e os projetos finalmente vão sair do papel. Chegou até aqui? Dá uma moral pro nosso trampo, acompanha a gente nas nossas redes sociais e dá uma olhada nas nossas rotinas e posts do blog.

Bons Mares,

Damy
Poli Náutico

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